segunda-feira, 8 de julho de 2013

Atrocidade Atemporal


Ata No - 5

Na noite do dia 2 de dezembro de 2012 participaram da Assembleia Geral Ordinária: Iandra Cattani, autora e dançarina, Alessandro Rivelino, autor e dançarino, Augusto Quenard, escrivão. A primeira chamada para votação teria início às 20 horas ou com a participação de mais do 50% do coletivo, a segunda, às 20h10. Chegada a hora limite da segunda chamada os dois únicos participantes, a saber: Iandra Cattani e Alessandro Volta, votaram o item da pauta: a favor ou contra a realização da Assembleia. Votaram a favor. Começaram a Assembleia. Em virtude de não haver ninguém além deles, decidiram cozinhar. Às 20h31 agregou-se ao grupo Quenard, o escrivão. Foram discutidos os pontos arrolados abaixo:
1) Debateu-se a respeito da matéria do espetáculo. O participante Quenard questionou a pertinência de um escrivão no projeto e quis saber qual seria o assunto, o enredo e as personagens do espetáculo. Rivelinho respondeu que o assunto era o amor e que ainda não havia personagens construídas nem muito menos enredo. Quenard não entendeu, mas esboçou um gesto de compreensão e disse “claro, claro”. Rivelito insistiu em que estava em construção e que era um projeto de criação que tinha como uma das diretrizes dar liberdade aos artistas participantes. Cattani, ao ver que Rivelini não sabia bem o que dizer, ofereceu suco de mirtilo a Quenard. Não houve votação.
2) Discutiu-se a porcentagem de honorários determinada para cada participante. Decidiu-se, por unanimidade, que, como escrivão, mais do que não ganhar, Quenard já saía devendo. Estipulou-se a dívida no valor das despesas relativas à realização da Assembléia. Todos votaram a favor.
3) Refletiu-se sobre a ausência do coletivo na Assembléia. Propuseram-se algumas hipóteses: a) as condições climáticas; b) o desgaste emocional causado pelo encontro desportivo entre os times de futebol Grêmio e Internacional; c) a preguiça domingueira; d) o difícil acesso à locação do encontro. Houve dois votos para o item “c” e dois para o “d”. Em vista da fraude na votação, repetiu-se o processo. Todos votaram no item “a”.
4) Comentou-se a possibilidade de chamar uma pizza. Houve três omissões.
5) Comentou-se a chance de haver elementos do espetáculo JokerPsique no novo espetáculo em questão. Rimelino alegou ter padecido de desorientação e leve transtorno esquizofrênico durante a fase final da produção do espetáculo anterior, em virtude do estresse. Disse que escutava principalmente a voz de uma mulher que lhe dava ordens. Cattani sugeriu a hipótese de ter sido a sua própria voz enquanto estavam em casa. Todos votaram a favor.
6) Rivelllino diletou sobre a obra de Wolfgang Iser e sua Teoria do Efeito Estético. Ao ouvir o nome da teoria, Cattani pediu um intervalo de cinco minutos. Ao voltar estava melhor penteada e havia colocado broches na sua blusa. Rivellino explicou-lhe que se tratava do efeito estético literário e não do visual. Cattani sentiu-se aliviada. Quenard quis entender melhor de que se tratava a tal da teoria e se não estava relacionada ao período de desequilíbrio de Rivelllino. O mesmo falou sobre expectativas, frustrações, experiências e Estética da Recepção. Ao que Cattani teve o impulso de levantar-se para organizar melhor o vestíbulo do apartamento, mas viu-se desmotivada pelo olhar de Rivelino, que lhe garantia que ainda se tratava da recepção literária. Todos votaram a favor de abandonar o assunto.
7) Discutiu-se a possibilidade de pedir pizza. Todos votaram contra.
8) Observou-se um vestido flutuando numa das habitações do vizinho do outro lado da rua. Cattani e Richelino sagazmente entenderam que se tratava de um vestido secando. Quenard sugeriu a hipótese de alguém enforcado. Todos votaram a favor de mudar de assunto.
9) Comentou-se o árduo trabalho necessário para organizar os documentos necessários para a execução de um projeto artístico. O Alberto disse que ele fazia tudo ilegalmente e que estava “nem aí pra porra nenhuma”. Cattani e Rivellino falaram de suas experiências e de como era brochante quando chegava a hora de solicitar documentos da equipe, organizar tudo, observar os prazos, etc. O Alberto disse “Rivelina, para de ser fresco e vai trabalhar”. Quenard interferiu dizendo que talvez ele pudesse gostar de produzir outros espetáculos ficando encarregado só de uma parte, e não de toda a organização, e que não desistisse de ter um CNPJ. Houve duas omissões e um voto a favor do Alberto.
10) Observou-se que Cattani se assemelha a uma produtora, e que organiza tudo à perfeição. Inclusive as roupas que Rivelito deixa jogadas no banheiro. Só Cattani votou, a favor.
11) Decidiu-se que, devido à ignorância e apatia do escrivão, lhe enviariam materiais para ele se inspirar e escrever alguma coisa que prestasse. Cinco votos a favor.
12) Os assuntos que motivaram o espetáculo levaram a conversa outra vez para a trama e as personagens. Rivellina sugeriu que gostariam de explorar o debate do trânsito entre gêneros. Quenard entendeu que se tratava de gêneros textuais. Explicaram a ele que se referiam a gêneros identitários. Ele lembrou que o assunto era o amor e entendeu que amor mais esculhambação de gêneros, mais liberdade criativa só podia acabar em uma suruba pansexual. Escondeu sua fobia elogiando o sabor do pepino em conserva que serviram como aperitivo. Todos votaram a favor.
13) Quenard quis saber a data em que se daria início ao projeto. Explicaram a ele que o projeto já estava em andamento.

Nada mais havendo a tratar, foi lavrada por mim, Augusto Quenard, a presente ata, assinada por todos os presentes acima nominados e referenciados. Em porto Alegre, aos 2 dias de 2012.






Ass. Augusto Quenard




 




Ass. Iandra Cattani




 


Ass. Alessandro R.



 



Ass. Alberto

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